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terça-feira, 30 de junho de 2009

Caravela


Este é o rascunho do projeto pictografico, a simbologia remete a vários icones importantes da civilização ocidental quinhentista. Procura-se relacionar fatos biblicos como a expulsão do paraíso, à condição dos autoctones brasileiros pós Colombo, trata-se de enxergar esse povo desfrutando a vida em lugar paradisiaco, quando suas terras são brutalmente invadidas e divididas, sua gente quando não morre de doenças inoculadas pelos invasores, é escravizada ou forçada a deixar seu lugar, seu chão.
Precisamente aí entra a embarcação tomando o lugar do anjo vingador que expulsou Adão e Eva do Paraíso, ameaçando os indios, representados pela figura do casal primordial (por Michelangelo no teto da Capela Sistina em Roma).
Há um pouco de lirismo no mar que representa o mar Oceano (hoje Atlantico), pois procura-se denotar a transparencia das aguas calmas, onde se pode visualizar o casco da embarcação e divisar o nivel da agua na embarcação por bolhas que a bordejam.
Algumas linhas procuram representar o movimento repentino da embarcação que recebe uma lufada vento, de uma ser imaginario em suas velas, agora cheias e prontas para iniciar a viajem.
A linha do horizonte coincide tambem com a linha do equador pois o pequeno platô, patio de manobra bélica e de ocupação, tem a conformação do mapa do Brasil dos tempos do tratado das Tordesilhas.
Uma serpente no primeiro plano está em processo de deglutição, trata-se da serpente do paraíso que sempre acompanha o casal instilando-o ao pecado, sua presença é maior na tela, pois envolve toda a embarcação, entretanto trata-se apenas de uma visão fantasiosa criada pela matéria que compõe a atmosfera, são reflexos e refrações que irão compor a imagem expectral da serpente celeste.
O pecado está representado pela deglutição relaciona-se à ocupação do solo onírico pelos aventureiros, às mortes bem como à escravidão por eles imposta.
A Cruz que erguem no centro do platô representa a grande religiosidade dos conquistadores, mas marca a conquista de uma terra, a posse dela; e esta presente na caravela, estampada sobre a vela posterior, numa disposição que geralmente contraria a noção de que este simbolo virá à frente da embarcação, entretanto existem outras cruzes representadas pelos mastros e travessas que suportam as velas, todas estas estruturas apesar da lógica dizer que estão bem distantes quase se tocam dominando todo o ambiente oposto ao casal. Esta presença das cruzes irá marcar dois avanços importantes de tempo: o primeiro que vai do Gênesis à morte de Jesus, e o segundo hiato, irá compreender o tempo quase exato de mil e quinhentos anos, quando ocorrem os inicios das invasões e conquistas do solo e povos americanos.
Tradicionalmente costumam representar a morte com cruzes, são as mesmas que se encontram à beira das estradas, são aquelas dos cemitérios, esse sentido ambiguo da cruz, conquista e posse morte e desespero - Muitas cruzes muitos sentidos.
Obedecendo a este roteiro procurei representar as várias vertentes filosóficas do aspecto em pauta, entretanto o rascunho carece de mais matéria e exatidão que só as próximas pinceladas levarão a termo. É a Arte...

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