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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Brueghel, O Velho

UNIVERSIDADE SÃO MARCOS
MESTRADO EM EDUCAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Professora Drª Eliane de Alcântara Teixeira
José Cláudio Diniz Couto
2010
Pieter Brueghel, O Velho
Pieter Brueghel, pintor flamengo, nasceu por volta de 1527, morreu em 1569, conhecido como Brueghel, o Velho, para distingui-lo de seu filho, também pintor. Seus quadros de costumes, em sua maioria, buscam a vida quotidiana de sua época e, ao mesmo tempo, pretendem interpretar a realidade, algumas vezes com profundidade e outras de maneira anedótica, repletos de pequenos pormenores reais e oníricos. O conjunto de sua produção reflete de modo inevitável, as atribulações de uma época de confusão e de mudanças marcadas pelas guerras de religião. Como Brueghel tinha seu próprio estilo de pintura e não seguia modismos, suas obras nem sempre eram populares. Durante muitos anos as pessoas pensaram que ele era apenas um artista que adorava se divertir e queria fazer as pessoas rirem, por esse aspecto este artista contemplaria o Homo ludens de Johan Huizinga, que procurou demonstrar a presença de certa ludicidade no processo de criação e produção da obra de arte, questionando se o gozo estético do séc. XVIII teria a mesma intensidade de hoje, seria uma exaltação religiosa ou uma espécie de curiosidade cujo fim último teriam sido o divertimento e a distração (Huizinga, Johan, 1980, p 223 – 224).
Brueghel é Homo ludens e mythologicus, sua inspiração traz a Grécia Antiga para conviver em seu tempo. Em A Queda de Ícaro uma minúscula referencia dentro de um panorama renascentista representa o mito e todo o contexto onde pai incita o filho à prudência, a curiosidade juvenil de Ícaro oposta à experiência de um Dédalo maduro, e a ousadia de Ícaro como um dos aspectos da mente humana: arriscar e retrair frente aos impulsos curiosos. Nessa obra, Brueghel contextualiza o trabalho como força modificadora da natureza, coadjuvante da adaptação do homem antropocêntrico do renascimento ao meio, é a faceta do Homo faber do artista. Como também sua faceta de Homo economicus é nitidamente demonstrada quando denota toda a pujança econômica de seu tempo ao representar o ícone de riqueza da época: o navio mercante.
Pieter Brueghel em seu trabalho converge para a representação do homem desconstruído e reconstruído por Edgar Morin como um ser complexo que figura nas várias bandas espectrais do gênero Homo sapiens – ludens – economicus – faber – mythologicus. No ensaio “Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios” encontram-se às p. 91 e 92 a desconstrução desse ser humano, e a concepção de um ser mutilado, no qual o autor afirma que, como é de conhecimento de todos: o Homo sapiens é dotado de razão e - não sendo privilégio de ninguém - é um ser também delirante. Em diálogo com Castoriades - que adorava dizer que o homem é este animal louco, cuja loucura criou a razão - Morin conclui que Homo é sapiens e demens, e que não há uma fronteira nítida entre o delírio e a razão, corrobora esta conclusão lembrando a posição de Nietzche que dizia que entre estes extremos existe a genialidade. A partir daí Morin traça paralelos, primeiro afirma que o homem não é apenas faber, como também é ludens, estribando-se em Johan Huizinga, para quem o jogo não se resume àqueles das crianças, pois há toda uma gama de entretenimentos adultos, o sentimento lúdico nos acompanha por toda a vida e aqueles que não o têm, possuem uma vida inacreditavelmente triste. Em outro paralelo, Morin diz que homo não é apenas economicus como também o é mythologicus, dado que, conforme explica: vivemos de mitologia, sonhos e imaginário.
Edgar Morin conclui que este conjunto é a concepção complexa do ser humano. Sendo o ponto de vista do autor muito aquém e além do estudo da condição humana na religião dos conhecimentos e das disciplinas (Morin, 2005, p. 91-92). Neste caso as facetas de Brueghel expressas tão claramente em sua obra permitiriam, em conjunto, ao sujeito uma apreensão palatável de um objeto cuja visualização iluminaria um ser que busca a completude diante de seu caráter plurifacetado. Sujeito que encontraria em si as explicações que nem mesmo a clareza da ciência seria capaz de explicitá-lo.
Algumas Obras de Brueghel
A Queda de Ícaro
O mito é cíclico, enquanto o homem da renascença vê a coisas de forma organizadamente temporais.
Jogos Infantis
Crianças brincam retratando as coisas do tempo do momento presente
Caçada na Neve
O homem age tentando modificar a realidade
A Dança
Desejos antropocêntricos com fundo religioso
O Triunfo da Morte
Caminho para o barroco claro e escuro tonalizando o drama, o lado espiritual transparece
Provérbios Flamengos
A cegueira seria um sinônimo da ignorância
O Casamento Camponês:
Cena de uma festa onde se encontra de tudo menos os noivos
“Luta entre o Carnaval e a Quaresma”.
Dois momentos a alegria do carnaval e a preparação para a quaresma
Fontes:
Farting, Stephen, 501 Grandes Artistas, trad. Bras. 1ª Ed. Rio de Janeiro, Sextante, 2009, p.109
Bibliografia:
Huizinga, Johan, Homo Ludens: o jogo com elemento da cultura, trad. Bras., 2ª Ed. São Paulo, Perspectiva, 1980, p 223 – 224;
Morin, Edgar, Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios, trad. Bras., 3ª Ed. São Paulo. Cortez, 2005, p. 91-92
Sites:
www.passeiweb.com/saiba_mais/biografias/p/pieter_brueghel
http://mitologia.blogs.sapo.pt/54997.html
Pesquisa de imagens em Google: Pieter Brueghel obras imagens

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