Seguidores

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

RESENHA STUART HALL

RESENHA

Hall, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução Tomás Tadeu da Silva, Guaraciara Lopes Louro. 6. Ed. Rio de Janeiro: DP&A. 103 p. Titulo original: The question of cultural identity


José Cláudio Diniz Couto
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Educação, Administração e Comunicação
Universidade São Marcos
   
        Stuart Hall nasceu em três de fevereiro de 1932, em Kingston na Jamaica, Professor de sociologia da Open University entre 1979 e 1997, vive desde 1951 na Inglaterra (diáspora).
        Sua obra conta com os títulos: The hard Road to Renewal(1988), Resistance Through Rituals (1989), The Formation of Modernity (1992), Questions of Cultural Identity (1996) e Cultural Representations and Signifying Practices (1997), onde propõe um rico diálogo com outros cientistas.
        Neste trabalho busca definir o conceito da modernidade tardia, ou pós-modernidade, e a crise de identidade que, aos poucos, através das transformações sociais, desloca o sujeito do iluminismo, que tinha como base a centralidade na racionalidade humana, transitando pelo sujeito sociológico e sua interação com o mundo, e o sujeito pós-moderno, aquele que veio a surgir a partir 1989, composto por várias identidades. Estribado em autores como Antony Giddens, David Harvey, Ernest Laclau, Marx e Engels, Hall não vê as sociedades modernas dotadas de organização central, um “deslocamento” no entender de Laclau. A Partir desse conceito, a identidade passa a ter um caráter diferenciado em relação à identidade iluminista e sociológica, já que desarticula estabilidades e possibilita o surgimento de novas identidades que, na visão do autor, são abertas, contraditórias, plurais e fragmentadas, donde o sujeito pós-moderno. A seguir as três concepções de identidade:
  • Sujeito do iluminismo: nessa concepção o sujeito é totalmente centrado, unificado, dotado das capacidades de razão, de consciência e de ação, cujo centro nascia e se desenvolvia com ele permanecendo o mesmo. Esse centro era a identidade do sujeito.
  • Sujeito sociológico: a noção desse sujeito refletia a crescente complexidade do mundo moderno e a consciência de que este núcleo interior do sujeito não era autônomo e auto-suficiente, mas era formado na relação com outras pessoas importantes para ele.
  • Sujeito pós-moderno: nessa concepção o sujeito não possui uma identidade definida, esta é transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam. O sujeito assume diferentes identidades em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um eu coerente.
        Quando cita Freud, Lacan, Saussure e Foucault, identificam-os como os grandes colaboradores do descentramento do sujeito, já que através dos seus diferentes pontos de vista, colocam as variadas possibilidades identitárias do individuo.
        Stuart Hall ressalta o impacto causado pelo feminismo não só no campo teórico, mas especialmente, como movimento social que segundo ele, caracterizou-se como um dos principais descentramentos dos conceitos de sujeito iluminista e sociológico, surgindo como um dos novos movimentos sociais que politizou a identidade feminina, contribuindo de forma importante para a contestação ao antigo patriarcalismo, uma ferramenta que liberou não só as mulheres que passaram a buscar enfaticamente seus direitos, como também as minorias, e a própria sociedade de uma forma geral.
        Hall trata as culturas nacionais como comunidades imaginadas, ilustrando o sujeito como conjunto de fragmentos de suas identidades culturais, para ele esta noção unificadora da cultura nacional é questionada, pois quando se afirma que grande parte das nações teria sido formada por processos, às vezes, violentos de conquista de diferentes povos, de diversas classes sociais, assim como de diversas etnias e gêneros; nação pode ser entendida como um sistema e representação cultural que extrapola o ser social e seus direitos, pois as pessoas não são apenas cidadãs, já que partilham de um imenso número de significados, de modo que os diferentes membros das culturas nacionais, independendo de sua raça, classe e gênero, seriam unificados numa única identidade cultural. Da mesma forma que afirma que raça não é uma categoria biológica, pois este tipo de afirmação não tem sustentação científica, entretanto, enxerga-a como uma categoria discursiva que abrange entre outros fatores as práticas sociais, características físicas como marcas simbólicas, visando diferenciar socialmente um grupo de outro, além da fala e pensamento. Depreende-se daí que se a grande maioria das nações é formada por diversos povos, seria um equívoco determinar a raça como fator de nacionalidade, donde a identidade nacional ser afeta aos jogos de poder e das contradições internas, já que conta com significativa diversidade em sua composição.
        Para Hall, a globalização consiste em permeabilidade das fronteiras nacionais como fator de unificação do mundo, donde as identidades culturais em vias de homogeneização, e o caráter pós-moderno. Por outro lado a resistência à globalização por identidades nacionais e locais, e a decadência de identidades nacionais, possibilitam o aparecimento de novas identidades, a partir de três contratendências:
1)      A fascinação pela diferença;
2)      A globalização distribuída desigualmente;
3)      A ocidentalização da globalização.
        Nas periferias, onde a tradição, caracterizada pela estabilidade, é desafiada pela tradução cultural, percebe-se o fortalecimento das identidades locais, ou produção de novas identidades, seria mais uma faceta da globalização, o efeito pluralizador de Hall.
        Hall nos apresenta diferentes visões a cerca de sincretismo, hibridismo e fundamentalismo respectivamente:
·         Acreditam que os sincretismos são importantes fontes criadoras de novas culturas;
·         Afirmam que o relativismo que envolve o hibridismo poderia flexibilizar a pureza de suas vertentes.
·         Entendem o fundamentalismo como tentativa do resgate de identidades purificadas, baseado justamente no aprofundamento das tradições.
        Conclui sua obra explicando que a globalização produz de forma paulatina, deslocamentos variados e contraditórios que contribuem inclusive para o descentramento do ocidente. Eis a importância de sua pesquisa: leitura excelente, ferramenta indispensável para a compreensão do homem pós-moderno e seu cenário

Nenhum comentário:

Postar um comentário